Durante muito tempo, nos ensinaram que discordar era um ato de rebeldia. Que fazer perguntas demais era perigoso. Que pensar diferente era sinônimo de apostasia. E assim, sem que percebêssemos, a fé foi se tornando um campo minado onde o silêncio era segurança e o questionamento era crime.
Mas será mesmo que discordar da doutrina oficial é negar a fé? Ou será que é justamente o contrário?
A história da espiritualidade está repleta de vozes que, um dia, ousaram dizer “isso está errado”. Profetas, reformadores, pensadores — todos eles foram acusados de causar divisão, de ser pedra de tropeço, de “apostatar”. Mas no fundo, eles apenas estavam sendo fiéis à própria consciência, e não aos sistemas que tentavam silenciá-la.
Se uma verdade precisa ser protegida contra perguntas, será que ela é mesmo uma verdade?
Chamar de “apóstata” quem discorda da liderança é uma tática antiga: marginaliza o indivíduo e protege a estrutura. Assim, mantém-se o controle — não pela razão, mas pelo medo.
Se você está vivendo esse momento — se percebe contradições, se carrega dúvidas, se se sente sufocado por regras que não fazem mais sentido — saiba: você não está errado por pensar. Você não está em pecado por questionar. Você está vivo, desperto, consciente.
E isso, dentro de estruturas que exigem obediência cega, é um ato de resistência. É um sinal de saúde espiritual.

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