A religião costuma falar de santidade, obediência e submissão. Regras são impostas em nome de Deus. Normas de conduta são declaradas como verdades absolutas, inquestionáveis. Mas em meio a tudo isso, uma pergunta precisa ser feita: e a consciência? Onde ela entra?
A consciência, esse espaço íntimo onde habita o discernimento, o senso do certo e errado, a voz silenciosa que nem sempre grita, mas sempre incomoda — ela é ignorada ou sufocada por muitos sistemas religiosos. Trocam-se princípios por protocolos. Aprofundamento por repetição. Fé por conformidade.
Mas a verdade é simples e inegociável:
A consciência é mais sagrada do que qualquer regra.
Porque a consciência é o que resta quando a regra falha.
É ela que nos impede de machucar o outro mesmo quando “a doutrina permite”.
É ela que nos faz parar para pensar, mesmo quando todo o grupo diz “amém”.
Uma regra pode ser criada por homens.
Pode ser manipulada, distorcida, usada como ferramenta de dominação.
Mas a consciência — quando é cultivada com sinceridade, verdade e humildade — é onde Deus fala sem intermediários.Se uma regra vai contra a consciência, ela deve ser revista.
Se uma doutrina manda calar o que o coração grita, talvez seja hora de desobedecer com dignidade.
E não, isso não é relativismo. Isso é humanidade.
Jesus curou no sábado — contrariando a norma.
Paulo confrontou Pedro — contrariando o costume.
Os profetas falaram contra os líderes do próprio povo — contrariando a estrutura.
Eles seguiram a consciência, e não a conveniência.
Se você sente que algo está errado, mesmo que todos ao seu redor digam que está certo — escute. Não é orgulho. Não é fraqueza. Não é apostasia.
É a sua alma pedindo para respirar.
A regra pode servir à ordem.
Mas a consciência serve à verdade.
E nada que venha de Deus exige que você sacrifique sua própria lucidez.

Nenhum comentário:
Postar um comentário