Durante muito tempo, fomos ensinados que a comunhão era algo sagrado.
Um vínculo espiritual. Uma irmandade. Uma família de fé.
Nos diziam:
“Você nunca estará sozinho.”
“Somos um só corpo.”
“Amor verdadeiro é eterno.”
Mas o que não nos diziam era que esse amor tinha uma cláusula: a obediência.
A comunhão, tão exaltada nos discursos, era na verdade condicional.
E bastou um passo fora da linha — uma dúvida, uma pergunta, uma escolha pessoal — para que o que antes era acolhimento virasse silêncio.
Distância.
Portas fechadas.
Olhares desviados.
De repente, você não era mais irmão.
Era “desassociado”. “Desviado”. “Mau exemplo”.
E aquilo que chamavam de comunhão se revelou: não era vínculo — era controle.
Quando a comunhão depende da sua concordância total com um grupo,
quando ela se desfaz porque você segue sua consciência,
quando ela se transforma em arma para te pressionar a voltar atrás…
isso não é comunhão — é exclusão disfarçada.
Jesus partilhou a mesa com traidores, pecadores, cobradores de impostos.
Ele tocou os intocáveis.
Falou com samaritanos.
Deu espaço a quem a religião queria silenciar.
Se a comunhão de um grupo depende da sua submissão,
então não é comunhão que eles estão oferecendo —
é condição.
E amor com condição nunca é amor verdadeiro.
É contrato.
É doutrina vestida de afeto.
Se você foi afastado, rejeitado, cortado de relacionamentos que pareciam eternos,
saiba: a dor que você sente é real, legítima — mas não é culpa sua.
Você não perdeu amigos.
Eles é que escolheram te perder por fidelidade a um sistema.
Você não se desviou do amor.
Eles é que escolheram excluir ao invés de ouvir.
A comunhão que vale é aquela que resiste às diferenças.
Aquela que ama mesmo quando não entende.
Aquela que não se desfaz quando a consciência fala mais alto.
Fé não se mede por permanência em estruturas, mas por integridade na alma.
E se a sua comunhão agora é consigo mesmo e com Deus — em liberdade — então ela vale mais do que qualquer abraço forçado em nome da uniformidade.

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