Há um silêncio que dói mais do que qualquer grito.
É o silêncio de quem foi deixado de lado.
De quem foi julgado em segredo.
De quem perdeu amigos, família, comunidade — sem direito a defesa.
Esse é o silêncio dos que foram excluídos.
Muitos deles um dia serviram com zelo.
Frequentaram reuniões, pregaram, oraram, se dedicaram.
Mas bastou uma dúvida, uma discordância, uma escolha pessoal — e o sistema os empurrou para fora com um selo: “não mais digno de convivência”.
Ninguém se despediu.
Ninguém perguntou se havia dor, confusão, arrependimento ou consciência limpa.
Simplesmente sumiram com o nome dessas pessoas dos lábios dos que diziam “irmão”.
E o mais cruel é que esse silêncio é ensinado como virtude.
Ignorar é chamado de “lealdade a Deus”.
Cortar laços é vendido como “proteção espiritual”.
Mas o que se esconde por trás desse silêncio forçado é controle.
É o medo de que ouvir o outro possa despertar consciência.
É o medo de que a dúvida seja contagiosa — porque ela costuma nascer da verdade.
O silêncio dos excluídos carrega lágrimas que ninguém viu.
Lutas que ninguém quis ouvir.
Histórias que ficaram no escuro — não por vergonha, mas porque não havia espaço para contá-las.
E, mesmo assim, eles continuam.
Caminham.
Se reinventam.
Refazem a fé com tijolos de verdade e liberdade.
Redescobrem a espiritualidade fora da cerca.
Porque a exclusão institucional não tem poder sobre a dignidade de uma consciência íntegra.
Se você é um desses que carrega o peso do silêncio, saiba:
Seu valor não diminuiu porque alguém decidiu te apagar.
Seu amor por Deus não expirou porque te rotularam.
Sua voz ainda importa — e quando estiver pronto para falar, haverá quem escute.
Nem todo silêncio é covardia.
Às vezes é maturidade.
Às vezes é respeito próprio.
E às vezes é apenas o tempo necessário até que a alma volte a confiar em si mesma.
Mas um dia, muitos desses silêncios vão virar palavras.
E quando isso acontecer, o mundo vai ouvir o que a religião tentou calar.

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